terça-feira, 23 de outubro de 2012

Em coletiva de imprensa, Cleber explica porque o PSTU saiu da Frente em Belém


Nesta segunda-feira (23), o vereador eleito pelo PSTU em Belém, Cleber Rabelo, participou de uma entrevista coletiva para explicar aos eleitores de Belém sobre a saída do PSTU da coordenação da campanha “Belém nas Mãos do Povo” e a chamada do voto crítico em Edmilson Rodrigues (PSOL). O Portal do PSTU participou da coletiva que contou também com a presença dos dois principais veículos de informação do estado, o Diário do Pará e o Jornal O Liberal. O porta-voz do PSTU explicou que a saída do partido da coordenação da campanha se dá em meio a uma quebra de acordos políticos pré-estabelecidos antes das eleições para a composição da coligação.

“Nossa discussão de formar uma coligação com o PSOL envolveu vários critérios. A discussão que nós fizemos foi um acordo programático para as eleições de 2012, e não somente no primeiro turno. Não estava estabelecido que no segundo turno mudaria alguma coisa. Como critério pré-estabelecido está o não recebimento de financiamento patronal para a campanha, ou seja, nós iríamos montar uma frente na qual seria proibido receber dinheiro de empresas. Outro critério é que a frente era uma oposição de esquerda ao governo do PT. O acordo firmava também que não seria incorporado partidos burgueses”, afirmou Cleber Rabelo. Leia abaixo a entrevista.

Em que momento o PSOL desrespeitou o acordo eleitoral?
Em primeiro lugar, queremos deixar claro para a população que fizemos essa coligação com o PSOL e decidimos apoiar o Edmilson em Belém porque, dentre todas as candidaturas existentes, todas as outras não representam e nem se aproximam dos interesses dos trabalhadores. A candidatura do Zenaldo, Priante, Jefferson Lima representam os interesses dos grandes empresários, das elites de Belém. Por isso nós definimos apoiar Edmilson (PSOL). Com o segundo turno, o partido foi convidado a participar da reunião da coordenação de campanha da Frente no dia 15 de outubro. Lá, nos foi informado que teriam outros partidos apoiando a candidatura do Edmilson, como o PDT, que soltou uma nota “de forma unilateral” declarando apoio, assim como o PPL e o PT, e que isso não teria nada a ver com a direção do PSOL e que os critérios da Frente seriam mantidos. No entanto, dois dias depois, o partido foi surpreendido com uma nova coalizão de partidos. Na quarta –feira (17), teve uma plenária da frente na casa de Show Poroca. Eu não estava presente porque precisei viajar para uma reunião nacional do partido, mas a nossa militância se encaminhou para a atividade como parte da campanha de apoio a Edmilson. Para nossa surpresa, não era mais a frente do primeiro turno que estava compondo a mesa. Formou-se uma coalizão de partidos que não fazia parte da frente para compor a mesa e discutir como iriam tocar o segundo turno das eleições. Estavam na mesa o PDT, o PPL, o PT e um vereador eleito pelo DEM. Diante da decisão do PSOL em fazer a coalizão com estes partidos, não compusemos a mesa e retiramos a nossa bandeira do plenário. No dia seguinte, abrimos uma discussão no interior do partido para decidir qual seria a posição do PSTU a partir daí.

Lamentavelmente, no ultimo domingo (21), durante o programa eleitoral gratuito da Frente, o ex-presidente Lula se incorporou de fato à campanha. Neste momento, Edmilson reassume de novo o programa do PT, partido com o qual tinha rompido anteriormente.

A partir de quando foi o estopim para essa decisão?
A partir do episódio da plenária em que havia outros partidos burgueses compondo a mesa. Desde então, a direção do PSOL rompe de vez com os critérios estabelecidos, lembrando que desde o início da campanha já havíamos denunciado o financiamento de empresas e o recebimento do apoio de Marina Silva. Feriram-se de vez os acordos, sem respeitar nosso partido, incorporando partidos burgueses na campanha e realinhando sua posição em relação ao governo Dilma e Lula. Parou-se de defender um programa que representasse os interesses dos trabalhadores, montando uma coalizão com partidos burgueses e de um latifundiário conhecido de Belém. Decidimos então fazer uma reunião do partido para tomar uma decisão. Com a entrada de Lula no programa de TV chamando voto no Edmilson, partido com o qual tinha rompido após o ataque do PT à reforma da Previdência que aumentou o limite de idade para a aposentadoria, Edmilson agora reassume o programa do PT e diz que está tudo bem agora, e que está todo mundo junto. Então, pra nós, não tem mais sentido permanecer na frente porque a direção do PSOL e Edmilson romperam com os critérios acordados para a eleição.

Por que a decisão de chamar o voto crítico?
Nós tomamos a deliberação de seguir chamando voto crítico em Edmilson porque achamos que a candidatura de Zenaldo (PSDB) representa, sem dúvida alguma, os interesses das elites. É a representação política dos grandes empresários, latifundiários e banqueiros. Seu partido é o símbolo dos setores da burguesia que odeiam os movimentos sociais e que defendem a privatização de nossas riquezas, empresas e serviços públicos. Uma possível vitória de Zenaldo representaria um retrocesso para as lutas e para a consciência da classe trabalhadora em Belém.

Por isso seguimos chamando voto em Edmilson, um voto crítico, para derrotar a burguesia. Mas com essa coalizão mantida, não temos nenhuma expectativa de que o PSOL será consequente com um governo para a classe trabalhadora, porque as alianças de hoje cobrarão seu preço amanhã. Em nossa plenária, discutiremos um calendário de campanha independente. Vamos seguir nas nossas frentes de intervenção, na construção civil, educação, movimento popular, juventude, com o discurso de que é preciso votar no Edmilson para derrotar a direita clássica, mas afirmando que a postura de Edmilson Rodrigues e do PSOL está completamente equivocada e que os trabalhadores não poderão ter ilusões com esse governo que já começa limitado.

Com uma possível vitória de Edmilson , esses partidos que estão o apoiando irão requerer cargos e secretarias. Qual a posição do PSTU sobre isso?
Para nós do PSTU, com ou sem esses partidos, elegendo ou não um vereador, nós já tínhamos a decisão de não assumir cargos ou secretarias dentro do governo. O que nós queremos é discutir com a população quais são as suas necessidade e exigir que qualquer governo traga melhorias para a população. Portanto, a nossa hierarquia de atuação será as necessidades dos trabalhadores e do povo. Nosso mandato estará a serviço dessas lutas e será usado para pressionar o governo municipal, estadual, federal, seja qual for. Agora, os outros partidos certamente irão cobrar seus preços, e nós já vimos essa novela antes, e sabemos que não tem um final muito feliz.


Por Thiago Cassiano



Nenhum comentário:

Postar um comentário