domingo, 22 de agosto de 2010

O Governo Ana Júlia e o esporte

O governo de Ana Júlia esta marcado pela derrota que Belém sofreu ao perder para Manaus a possibilidade de ser a sede amazônica da Copa de 2014. Mas o que realmente esta por trás dessa derrota, além da falta de competência política, é a vontade econômica das grandes empreiteiras para construir novos estádios, tal como vem acontecendo em São Paulo com a possibilidade de o Morumbi ficar fora da Copa.
Construir um estádio em Manaus seria muito mais lucrativo para as grandes empreiteiras do que simplesmente reformar o Mangueirão. Mas qual será o destino de um estádio dessa magnitude em Manaus, já que o futebol por lá teve apenas poucos lampejos históricos de alguma importância?
Todos os candidatos burgueses são financiados pelas empreiteiras, depois ficam procurando desculpas para dar dinheiro a elas, essa é uma lógica nefasta para o estado e para o país. Além disso, os escassos programas de Ana Júlia relacionados aos esportes se resumem a construção de algumas quadras poliesportivas, também escassas e um bolsa atleta, que atende 137 atletas e técnicos, com uma bolsa que vária de 250, à até 700 reais.
Achamos que isso é pouco, é preciso ampliar o acesso a prática esportiva no estado. Além disso, essa expansão deve ter um modelo totalmente diferente. É preciso que os trabalhadores tenham acesso a outras práticas esportivas, vivemos no Brasil, e ainda mais no Pará, na monocultura do futebol, nossas crianças só conhecem o futebol como alternativa de lazer e prática esportiva.
O governo no início deste ano através da deputada estadual do PT Bernadete Tem Caten autorizou um gasto de mais de 1,2 milhões de reais para construir 5 quadras poliesportivas em 2010, não bastasse o valor descabido de 250 mil reais por cada quadra, não é possível acreditar que seja feito tão pouco nesta área.
Por outro lado o estado tem proporcionado a construção de vários estádios de futebol, este tem constituído um dos principais gastos no programa esporte participativo. Mas o que tem de participativo na construção de estádios de futebol para serem doados a clubes privados?
E digamos que seja feito, mas vejamos, construir um estado em Marabá dá pra entender, mas o estado pretende construir um estádio em Canãa dos Carajás, entre outras cidades sem nenhuma expressividade no futebol, essas construções atendem aos interesses oligárquicos locais e não as necessidades de lazer, que de fato, o povo sente.
É preciso fortalecer as práticas corporais na escola. Nós defendemos o investimento de 10 % do PIB do estado em educação, só assim poderemos mudar a história do nosso estado também em relação às praticas corporais, com professores mais bem preparados e boa infra-estrutura para as escolas. Não é possível que os professores de educação física da UEPA e UFPA se formem para servir de mão de obra barata ao fitness, queremos que eles sejam promotores desta mudança. Vamos transformar a Escola Superior de Educação Física da UEPA em uma Faculdade, em um centro de referência em ensino e pesquisa.
Hoje, os professores de educação física são verdadeiros heróis, obrigados a dar aula em escolas que na têm quadra esportiva, nem a mínima estrutura, algumas não têm nem bola. É preciso primeiramente que haja esta estrutura nas escolas, os centros poliesportivos nos bairros tem que ser na escola, hoje eles nem existem.
Mas também é preciso avançar para que desde cedo as crianças e jovens tenham contato com outras práticas corporais, para isso, é preciso incentivar práticas como a dança, essa é uma prática que envolve muito preconceito, os meninos que dançam são considerados afeminados. Mas podemos usar a dança para vencer o preconceito, isso não será fácil, mas queremos utilizar todas as ferramentas para isso.
No início do governo Lula ele prometeu que a capoeira seria obrigatória em todas as escolas, mas até hoje, esta ainda é uma pratica marginal em relação à escola. Também é forte o preconceito em relação aos praticantes da capoeira, ela também pode ser uma importante arma na luta contra o preconceito racial.
Esse programa pode servir para incentivar práticas pra além do esporte de rendimento, pois nem todos querem ser atletas, os que querem devem ter toda atenção, eles precisam da estrutura necessária para alcançarem resultados, mas aqueles que só querem praticar atividades físicas para se sentir bem, descontrair, também tem que ter seu espaço, este é o papel da escola. E é papel do estado promover isso.
Mas tudo isso, só poderia ser alcançado de uma forma, atacando o lucro das grandes multinacionais e das grandes empresas instaladas no estado. Sem lutar contra a desoneração fiscal, que livra os empresários de pagar grande parte dos impostos, é impossível realizar tudo isso.
Pra exemplificar, podemos citar a Lei Kandir, que isenta as grandes empresas exportadoras de pagar o ICMS. Estima-se que de 1996, quando a lei entrou em vigência, até 2009, o Pará tinha deixado de arrecadar mais de 12 Bilhões. Esse dinheiro todo deixou de ser investido em educação. E nenhum dos outros candidatos vai lutar para que isso tenha um fim, porque eles não estão dispostos a atacar o sagrado lucro das grandes empresas, como a Vale, a Albrás, a Alcoa, etc.
Sem falar em outros incentivos que estas empresas recebem. Criar uma infra-estrutura que dê acesso à informática, a aulas de qualidade com recursos mais avançados para o ensino da matemática, do português e que também dê acesso as práticas corporais, só será possível diminuindo a enorme margem de lucro dos senhores que mandam e sempre mandaram nesse estado.

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