- Já existe PSTU em Breu Branco,
vereador?
- Infelizmente, não...
- Pois agora, tem! E eu quero ser o
“garoto-propaganda” dele!
O
diálogo acima aconteceu entre um dos noventa operários de Belo Monte que
estavam em Belém e o vereador do PSTU, Cleber Rabelo, na tarde de terça-feira
(16). É que neste dia foi realizada uma atividade de apresentação do partido
aos trabalhadores grevistas, na Sede Campestre do Sindicato da Construção Civil
de Belém. Ao final da apresentação, 40 operários, dos mais variados locais do
país resolveram dar um passo a mais em sua organização e se filiaram ao
partido. Além disso, muitos se mostraram interessados a discutir o nosso programa para a classe trabalhadora
e construir essa ferramenta de luta política.
Mesmo
com os dias corridos e diversas atividades, entre atos, reuniões e passagens
nos canteiros de obras de Belém, os operários de Belo Monte se dispuseram a
participar de uma atividade interna, de apresentação do PSTU. O operário da
construção civil de Belém que esteve em Altamira junto aos trabalhadores e que também
é militante partido, Antônio Francisco de Jesus (mais conhecido como Zé Gotinha),
iniciou a discussão perguntando aos operários se eles imaginavam o motivo de
ele ter ido a Altamira participar do processo de mobilização. “É verdade...”,
exclamou um dos trabalhadores, “se nem o sindicato de lá, que nós pagamos todo
mês com parte do nosso salário fez alguma coisa... por que vocês saíram de
Belém pra ir lá?”, continuou indagando.
“Porque
pertencemos a um partido”, respondeu Zé. De acordo com ele, hoje em dia é fácil
ser de um partido político e achar que vai enriquecer, ser vereador e ficar na
câmara, no ar condicionado de braços cruzados... “Mas nós somos diferentes.
Nosso partido luta contra a exploração dos trabalhadores e acredita que outro
mundo é possível”, explicou.
Para
o vereador Cleber Rabelo, a materialização deste “outro mundo” seria onde os
trabalhadores governassem. Segundo ele, a constituição alega que todos tem
direito à saúde e educação de qualidade, transporte e moradia digna. Mas que
isso não é garantido aos trabalhadores. “Às vezes nós até conseguimos consulta
nos hospitais, mas temos dinheiro pra comprar os remédios? Todos nós temos
capacidade de ser cientistas, doutores... mas temos oportunidades? (...)Nós, do
PSTU, acreditamos ser possível mudar essa realidade!”, disse.
Luta política X Luta econômica
O
vereador ainda falou da importância e também da limitação das lutas econômicas,
dentro dos sindicatos. Para ele, apesar de um sindicato, uma central sindical ser
importante para organizar os trabalhadores pra lutar por melhores condições de
trabalho, não resolvem todos os problemas: quando as campanhas salariais acabam,
por exemplo, os trabalhadores voltam para os canteiros para dar lucro aos
patrões. “Se quem produz as riquezas somos nós, por que o lucro fica com meia
dúzia de pessoas que não fazem nada, além de nos explorar?”, questionou.
Cleber,
então, explicou que isso acontece porque vivemos em uma sociedade capitalista,
dividida em classes, que não leva em conta as necessidades dos trabalhadores. “Para
nós, a luta econômica deve estar ligada a luta política. Só assim poderemos mudar
a sociedade, mudar a forma de governar. Nós acreditamos na força dos
trabalhadores. Acreditamos que a força dos trabalhadores é capaz de mudar o
mundo. E lutamos dia após dia para que isso aconteça”.
Filiação
A exemplo de diversos operários, seu Francisco da Conceição, 45, também se filiou
ao PSTU neste dia. Antes de ir à Altamira a trabalho, seu Francisco residia em
Marabá, cidade localizada no sudeste paraense. Lá, trabalhava há 15 anos no
setor da construção civil e criou, ao lado de sua esposa, seus seis filhos. Sobre
política, diz entender mais do que muitos “políticos”. “Eu nunca fui desses de dizer
que não quero saber de política. Isso é tolice. Eu acho que a gente vive e faz política
todos os dias. E digo isso porque eu acreditava no PT. Votei no Lula, votei na
Dilma... mas a realidade me mostrou o que é esse partido”, disse.
Segundo ele, só de os
militantes do PSTU terem ido à Altamira, lutar junto com os trabalhadores em
greve foi um fator favorável à sua filiação. Mas não o bastante. Para ele, o
fator decisivo foi a independência financeira. “Eu era PT, mas depois do que eu
vi de vocês, que vocês estão na luta e todo o dinheiro sai do bolso de vocês,
eu tive a certeza de que vocês vão continuar com a gente até o fim: pra ganhar
ou pra perder. E tenham certeza: agora eu sou PSTU e vocês têm mais um
guerreiro nesse partido”, afirmou.