terça-feira, 8 de abril de 2014

Policiais são acusados de estupro em Marabá

Mesmo após o erro da polêmica pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA –na qual apontava que “65% dos brasileiros concordariam com a ideia de que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, o tema do estupro não saiu da mídia. Pelo menos no Pará. Logo no início desta semana, o Ministério Público do Estado recebeu denúncia de que dois policiais teriam estuprado uma adolescente em Marabá.
Segundo relato da jovem de 17 anos, o primeiro abuso teria acontecido em dos banheiros de uma delegacia (onde ela estava apreendida após ter participado de um latrocínio, ao lado do namorado). Já o segundo teria sido cometido no quarto de um hotel, quando ela estaria sendo encaminhada para Redenção, sua cidade natal. O caso é de janeiro deste ano, mas foi relatado ao MP apenas na manhã desta segunda-feira (7). O escrivão Espírito Santo e o investigador Rocha, acusados do crime, foram transferidos para outro município, mas não foram afastados dos serviços.
O crime, ainda sem comprovação, representa apenas uma parcela do descaso dos governos tucanos de Jatene e Zenaldo em relação à segurança pública e às políticas às mulheres.
Em 2012, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP), 779 casos de estupro foram registrados na Região Metropolitana de Belém. O número apresenta um crescimento de cerca de 7%, em relação ao ano anterior. Já no Pará, o número de registros é de 2.240, o que representa um aumento de mais de 16% em relação ao mesmo período de 2011.
Se o crescimento dos casos já aponta o caos na segurança, pensar que os números podem ser maiores é ainda mais assustador.  A qualidade duvidosa dos dados e a dimensão continental do estado contribuem para dificultar o mapeamento. Mas é inegável a responsabilidade dos governos em relação ao crescente índice de violência, principalmente em relação às mulheres.
Isso porque o orçamento destinado pelo atual governador Simão Jatene (PSDB) em políticas para as mulheres em 2012 foi pouco mais de R$ 60 mil. Um orçamento pífio que gera uma média de R$ 0,02 (dois centavos) por mulher no estado, segundo a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais do IBGE. O Pará também é o pior estado em comparação ao valor investido nas políticas para mulheres. De acordo com a pesquisa, o governo destinou apenas R$0,65 (sessenta e cinco centavos) para cada R$1 milhão do orçamento para investir em políticas no setor.
Se é verdade que os governos do PSDB não governam para os trabalhadores do estado, estes números provam que tampouco governam para as mulheres do Pará. Enquanto Jatene fechar os olhos para as mulheres jovens e trabalhadoras, nosso estado continuará fazendo coro às péssimas estatísticas nacionais que afirmam que a cada uma hora, duas mulheres são vítimas de violência sexual e a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada.
Tanto o escrivão, quanto o investigador precisam ser afastados imediatamente de suas atividades enquanto corre o inquérito policial. É preciso que haja celeridade e a maior transparência possível na apuração e, caso comprovadas as denúncias, eles devem ser exemplarmente punidos, com a expulsão da polícia, prisão dos envolvidos e reparação do Estado à vítima e à família.
Além disso, Dilma (PT), precisa inverter as prioridades de seu governo. Enquanto o governo federal segue investindo mais de R$30 bilhões dos cofres públicos para a realização da Copa, os investimentos em programas de combate à violência contra as mulheres seguem caindo e não ultrapassam os R$25 milhões. O resultado disso são as poucas delegacias especializadas em mulheres, as poucas casas abrigo e a Lei Maria da Penha com dificuldades de sair do papel.
Esses números precisam indignar as mulheres e os homens de nosso estado e de nosso país. A luta contra o machismo está na ordem do dia e deve ser encarada como parte fundamental da luta por uma nova sociedade, mais justa, sem explorados e exploradores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário