quinta-feira, 4 de julho de 2013

A classe trabalhadora pede passagem

3J: o dia em que Belém parou.

   
    Um dia após a dura repressão da Guarda Municipal sobre manifestantes que ocupavam a Câmara Municipal de Belém, novos atos tomaram as ruas da cidade. Além do Movimento Belém Livre, Agentes Comunitários de Saúde, Médicos, Policiais Militares, Bombeiros e comerciários dos grupos Formosa, Líder, Yamada e Nazaré foram às ruas lutar por passe-livre e melhores condições de trabalho. No total, oito mobilizações aconteceram e mostraram toda a insatisfação da juventude e dos trabalhadores frente aos ataques impostos pelos governos e patrões.
Créditos Foto: Divulgação

   Logo pela manhã, centenas de médicos protestaram próximo à Santa Casa de Misericórdia  por mais investimentos na saúde e contra o anúncio feito pela presidenta Dilma Roussef (PT) sobre a contratação de médicos de Cuba para a região sem exame de qualificação. “O que precisamos não é de médico estrangeiro, e sim de mais investimentos na saúde. Não aguentamos mais tanto descaso”, diziam. Os Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Controle de Endemias também estavam mobilizados e foram até a Prefeitura do Município cobrar reajuste salarial, gratificação de insalubridade e flexibilização do horário de trabalho. “Há meses estamos nesta peleja, sem nenhuma resposta positiva da prefeitura. Estamos cansados de tanta humilhação”.
Crédito Foto: Divulgação

   Já pela noite, foi a vez de policiais militares bombeiros irem às ruas exigir equiparação salarial. Diversos cartazes cobravam a “aprovação da PEC 300”, medida que equipara o salário entre policiais brasileiros, mas também pediam melhores condições de trabalho, segurança e valorização policial. Ao mesmo tempo, acontecia o ato do Movimento Belém Livre. A reivindicação era clara: redução da tarifa de ônibus e passe-livre para estudantes e desempregados. Mas, diferente de outras vezes, o foco da manifestação não era um órgão específico, como a Prefeitura ou a Câmara de Vereadores. Durante aproximadamente 4 horas, os manifestantes realizaram um “trancaço”, ato de impedir passagens de veículos em diversos pontos da cidade. Primeiro, na Avenida Alminrante Barroso, próximo ao Terminal Rodoviário. Em seguida, a Cipriano Santos, José Bonfácio, Magalhães Barata, Castelo Branco. Aos poucos, a cidade parava para ver centenas de estudantes passarem.
Crédito: Divulgação

   “Amanhã os jornais podem dizer que estamos atrapalhando o trânsito e que somos culpados pelo engarrafamento, mas na verdade, o verdadeiro culpado é o prefeito de Belém. Muitas cidades já estão com tarifas reduzidas e também com o passe-livre. Por quê em Belém ia ser diferente? Enquanto Zenaldo se fizer de surdo, nós pararemos a cidade para que todos saibam o que nós queremos ”, disse o estudante Ricardo Wanzeller, da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL).

É hora de unificar as lutas e avançar nas conquistas!


   O ato encerrou aproximadamente às 22h, em frente ao Supermercado Formosa, na José Bonifácio, onde os estudantes se uniram em solidariedade aos funcionários da rede de supermercado que também faziam protesto. Desde o início da semana, diversos funcionários das maiores cadeias de supermercados em Belém fizeram greve: Líder, Y.Yamada, Formosa, Nazaré, Cidade e Amazônia.  As reivindicações são parecidas.  Os trabalhadores pedem a redução da jornada de trabalho para 6h diárias, reajuste no vale-alimentação e pagamento de horas-extras.

    Para o vereador Cleber Rabelo (PSTU), a conclusão do ato junto aos trabalhadores mostra a solidariedade de diversos jovens com uma categorias que é brutalmente explorada pelos grandes empresários do comércio atacadista e varejista de Belém. Para ele, mais do que a solidariedade, é necessária a unificação das lutas.

“A juventude sai às ruas por um profundo descontentamento com as mazelas sociais existentes no Brasil, que se refletem no transporte, na educação e na saúde de péssima qualidade. Os trabalhadores, além de sofrer com tudo isso, veem seus bolsos sendo sugados pela inflação que corrói grande parte de seus salários. Por isso, é mais do que necessário unificar as lutas entre estudantes e trabalhadores”, disse.

   Rabelo também acredita que, neste momento, é fundamental intensificar as denúncias dos governos de plantão, (sejam eles PT, PSDB, PMDB, DEM) e que governam contra a juventude e os trabalhadores e aponta o dia 11 de julho como um dia para tudo isso. “No dia 11 de julho está sendo chamada, por diversas Centrais Sindicais, um Dia Nacional de Greves, Paralisações e Manifestações. Os trabalhadores que ocuparam as ruas de Belém hoje, devem estar presentes neste dia também: é hora de fortalecer o processo de lutas e agregar as reivindicações em curso, as reivindicações da nossa classe!”, afirmou.


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