Cerca de 800 operários se reuniram na noite de ontem (14/08), em
frente à sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém, para
discutir a proposta de reajuste salarial apresentada pelo Sindicato da
Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon –PA). Depois de quase duas
horas de assembleia, a categoria resolveu, por unanimidade, rejeitar a proposta
de 7% oferecida pela patronal. Para os trabalhadores, a proposta representa uma
migalha se comparada aos gigantescos lucros dos patrões.
Segundo a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, a categoria tenta diálogo desde o dia 26/07, mas até agora, apenas duas rodadas de negociação foram realizadas. Na semana passada, os empresários ofereceram reajuste de 6,38%. Já na negociação de ontem, um arredondamento foi feito e a proposta foi a 7%. “Na prática, eles aumentaram R$6,00 em relação à proposta anterior. Isso não dá nem para comprar o quilo da farinha, que está custando em média R$7,50”, afirmou o diretor Antônio de Jesus, o Zé Gotinha.
De acordo com a proposta da patronal, a faixa dos salários dos
oficiais passaria de R$983,00 para R$1.051,81. A dos meio-oficiais iria de
R$737,80 para R$789,45. Já a dos serventes passaria de R$710,00 para R$758,70.
A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) teria um aumento de R$10,00. Para
o vereador de Belém, Cleber Rabelo (PSTU), que também é diretor licenciado do
sindicato, a proposta, além de vergonhosa, vai contra a conjuntura a qual o país
se encontra. “Não é possível que, na conjuntura que estamos vivendo, com lutas
e vitórias por todo país, os empresários da construção civil do estado sejam
tão intransigentes e gananciosos. Eles colocam em jogo a fome dos nossos filhos
e as nossas vidas diariamente e ainda por cima subestimam nossa capacidade de
luta e resistência”.
O vereador ainda afirma que a proposta feita pelos patrões não leva em
consideração os outros pontos de reivindicação da categoria e não avança em pautas
fundamentais para a garantia de condições dignas de trabalho. “Nós, operários,
amargamos os piores salários do estado, mas nossa luta vai além disso. Além do
reajuste salarial de 18,6%, lutamos por plano de saúde, cesta básica, segurança
no trabalho e pela reserva de 15% das vagas nos canteiros para as mulheres, com
direito a classificação e qualificação”.
Ao final da assembleia, um calendário de ações foi montado para acompanhar
as próximas rodadas de negociação que acontecerão nos dias 22 e29/08. Após
todas as negociações serão realizadas novas assembleias para que a diretoria do
sindicato possa discutir com os trabalhadores os próximos passos. “A nossa ideia é seguir pressionando os patrões
e, para isso, iremos parar de fazer hora-extra e de trabalhar aos sábados”,
afirmou Zé Gotinha. Segundo ele, os operários também realizarão a “Operação
Tartaruga”, que é quando os trabalhadores executam suas tarefas com velocidade
reduzida. Além disso, a partir da semana que vem, o sindicato passará em algumas
obras e fará paralisação dos trabalhos por cerca de uma hora. Na semana do dia
29/08, a paralisação será de duas horas. “Se os patrões não se sensibilizam com
a miséria dos nossos salários, temos que feri-los onde eles mais sentem: nos
seus bolsos”, afirmou o sindicalista.
A assembleia do dia 29 foi chamada por eles de
“Assembleia da Greve”. Este é o último prazo para que os empresários avancem
nas propostas. Caso não tenha acordos ou avanços, a categoria entra em greve
por tempo indeterminado. A campanha salarial deste ano é unificada e reúne dez
sindicatos do estado. Entre eles estão os dos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Barcarena, Altamira, Mojú, São Miguel do Guamá,
Tailândia, Paragominas e Santa Izabel.
Dia 30 – unificar as
lutas e arrancar vitórias
As mobilizações de junho foram gigantescas e entraram para a história
do país. Mas se engana quem pensa que as grandes lutas acabaram. O mês de
agosto apenas começou e parece pequeno diante da indignação dos trabalhadores. Só
para se ter uma ideia, além dos operários da construção civil de nove
municípios do estado do Pará, estão em andamento as campanhas salariais dos
bancários; uma greve dos trabalhadores dos correios está prevista; os
professores em greve ocupam a prefeitura de Barcarena (PA) exigindo negociação;
servidores públicos federais programam sua Jornada de Luta para enfrentar as
privatizações dos hospitais universitários. Além disso, a juventude continua
pressionando a prefeitura para a implementação do Passe-Livre.
A vitória dos trabalhadores da construção civil
será um gás para todas as outras campanhas salariais que estão por vir. “Mais
do que incentivar as mobilizações, é hora de unificar as lutas para derrotar a
política econômica do governo Dilma (PT), de Zenaldo e Jatene (ambos do PSDB) e
arrancar nossos direitos. Se hoje (14) a rua é dos trabalhadores da Construção
Civil, no dia 30 a cidade será dos trabalhadores de Belém”, afirmou Rabelo.
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