quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O Pará na linha de fogo – estado é o 4º no ranking de homicídios no Brasil

“Homem é morto com 23 facadas”. “Procuradora de Itaituba é encontrada morta em loja”. “Crianças são encontradas mortas no bairro do Tenoné”. “Pastora é assassinada em Mosqueiro a marteladas”. 
As manchetes acima circularam e chocaram boa parte da população do estado do Pará no decorrer desta semana. Não é para menos. A onda de violência no estado é grande e parece avançar em velocidade mais frenética do que a Pororoca. Mas ao contrário do fenômeno provocado pelo encontro das águas do rio e do oceano, o aumento da violência no Pará não pode ser encarado de maneira natural. 
O banho de sangue nos jornais são reflexos do cotidiano da população paraense. E os dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) comprovam este fato. Segundo o estudo, o Pará ficou, em 2011, na quarta posição entre os estados que tiveram a maior quantidade de homicídios dolosos por 100 mil habitantes. Já a ONG mexicana “Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal”, aponta que a cidade de Belém ocupa a 23ª posição, entre as 50 mais violentas do mundo, em 2013.
O final de semana do dia 18 de janeiro, no início deste ano, é uma prova disso. Durante o sábado e o domingo, nada menos do que 38 homicídios foram cometidos no estado. Sendo que 20 destes foram na Região Metropolitana de Belém, superando assassinatos no Iraque, no mesmo período.
Essas mortes só comprovam a política fracassada dos governos tucanos que nada fazem de concreto para resolver o problema da violência urbana e os problemas estruturais da segurança pública. A reponsabilidade para os altos índices é decorrente do abandono de políticas públicas e os baixos investimentos. Mas, infelizmente, a crise no setor parece não afetar aqueles que circulam com seguranças particulares. Os investimentos que o governo Jatene vem priorizando vão na direção oposta à solução dos problemas dos jovens e trabalhadores paraenses.
O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA 2014) enviada pelo governador à Assembleia Legislativa para os investimentos em Segurança Pública sofrerão cortes de cerca de R$ 86 milhões, em relação ao ano passado. Em contrapartida, o governo aumentou em 7,8% a verba destinada para propaganda em 2013, o equivalente a R$ 40, milhões.
A parceria tão celebrada na campanha eleitoral entre o atual prefeito Zenaldo Coutinho e o governador Simão Jatene (ambos do PSDB) não refletem investimentos na segurança pública. Na verdade, essa parceria só acontece para criminalizar os movimentos sociais que se mobilizam contra as injustiças praticadas por esses mesmos governantes. O uso da repressão, do spray de pimenta e das detenções por desacato praticadas pela polícia tucana tem sido uma constante, como aconteceu recentemente no ato contra o aumento da tarifa de ônibus.
Para enfrentar o problema da violência é preciso mudar a lógica de governo que vem sendo implementada, tanto pelo PSDB, quanto pelo PT, na época de Ana Júlia. A violência é a expressão máxima da falência da sociedade capitalista que esses dois partidos administram “tão bem”: beneficiando os banqueiros e empresários e negando à juventude e aos trabalhadores educação, emprego, saúde e moradia de qualidade. Jatene precisa entender que não é com mais policiais nas ruas ou com premiações por apreensão de armas de fogo que se combate a violência. É preciso acabar com a impunidade, a começar com os políticos corruptos e, urgentemente, oferecer vida digna à imensa maioria da população com educação, cultura, esporte e lazer. 

Cleber Rabelo.

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