Os operários da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em
Altamira, entraram em greve por tempo indeterminado nesta terça-feira (27/11). Dentre as principais reivindicações estão o reajuste salarial de 15% para
toda a categoria e cesta básica no valor de R$ 380. Além disso, os trabalhadores querem que os sábados
sejam considerados dias livres, ou, no caso de trabalho, que seja pago como
hora extra. No último sábado (23) a categoria rejeitou a proposta do Consórcio
Construtor Belo Monte (CCBM) de reajuste de 11% nos salários da maioria dos
trabalhadores e 30% na cesta básica. Cerca de 27
mil trabalhadores mantém os principais
canteiros de obra (Pimental, Canais e Diques, Belo Monte, Infraestrutura e Bela
Vista) totalmente parados.
A mobilização dos trabalhadores é mais do que legítima. Não é de hoje
que sabemos das péssimas condições de trabalho a que estes operários estão
submetidos. Soma-se aos baixos salários, a impossibilidade de ver a família e
os vários acidentes por falta de segurança. É um absurdo que a principal obra
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
do governo federal continuem tratando trabalhadores com tamanho desrespeito. É
inadmissível que o CCBM e o Governo Federal continuem negando condições dignas
de trabalho e salários decentes a milhares de pais de família.
Declaramos toda solidariedade à luta dos operários em Belo Monte e
exigimos que suas reivindicações sejam atendidas. Estamos à disposição da categoria para o fortalecimento e
vitória dos trabalhadores.
Além do reajuste salarial. É preciso parar Belo Monte!
Entretanto, Belo Monte vai além da justa reivindicação
dos operários por melhores condições de trabalho. A imprensa nacional e
internacional e os movimentos sociais fizeram inúmeras denúncias das
atrocidades que acontecem desde o início da obra, há dois anos. E o que antes eram alertas, frutos de estudos
cientificamente embasados, converteram-se hoje na triste realidade que assola a
região. O aumento da criminalidade, do tráfico de drogas e de pessoas, além da
exploração sexual são fatos que se agravaram com uma obra que se mostra
insustentável social e economicamente.
Nesses mesmos dois anos, uma grande sequência de
paralisações protagonizadas por índios, trabalhadores e movimentos sociais denunciaram
um regime de trabalho análogo à escravidão, licenciamentos fraudulentos,
oitivas não realizadas e um superfaturamento absurdo no valor inicial da obra,
que ainda pode aumentar (no início a obra foi orçada em R$16 bilhões, mas já
supera os R$30 bilhões).
Belo Monte, não está nem na metade de sua construção,
mas já prova que não irá beneficiar os trabalhadores e os povos da região. Pelo
contrário. Não passa de um compromisso eleitoral do governo com as empreiteiras
que financiaram quase metade da campanha de Dilma (PT). Não por acaso, empresas
como a Camargo Correa, a Andrade Gutierrez e Odebrecht que financiam a obra de
Belo Monte, também estão envolvidas nas obras dos grandes estádios da Copa do
Mundo, onde os trabalhadores também estão mobilizados garantir direitos
básicos. O governo Dilma (PT), que está a frente de todos esses ataques,
precisa interferir e, além garantir as reivindicações, precisa barrar parar
essa construção que é, na verdade, um grande ataque à natureza e ao povos
indígenas e ribeirinhos que dependem do rio Xingu.
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