segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Carta dos trabalhadores da construção civil à população da Região Metropolitana de Belém

Nós, operários e operárias da construção civil de Belém, Ananindeua e Marituba estamos em greve em defesa dos nossos direitos. Os empresários lucram milhões através da exploração de nosso trabalho, vendendo um dos metros quadrados mais caros do Brasil, no valor médio de R$ 5 mil reais o m². Enquanto isso, nós ganhamos um pouco mais que 1 salário mínimo por mês. O salário do ajudante é de R$ 710,00 e o do pedreiro é de R$ 983,00.

Nossa pauta é justa. Além de reajuste salarial, nós queremos pelo menos uma cesta básica, pois esse salário não tá dando pra comer. Nossas demandas são plenamente possíveis de serem atendidas, pois os lucros milionários dos empresários e as bilionárias isenções fiscais concedidas pelo governo às empresas são mais do que suficientes para garantir o atendimento de nossa pauta. Na maioria das capitais do país, o salário dos operários está acima de R$ 1 mil reais e os trabalhadores tem direito à cesta básica. Isso é assim em alguns municípios do Estado do Pará também, como em Altamira, onde os operários conquistaram esse ano 13% de aumento salarial e uma cesta básica de R$ 230,00.

Infelizmente a postura dos empresários do setor tem sido de arrogância, intransigência e mesquinharia. O SINDUSCON, que é o sindicato patronal, apresentou apenas 9% de reajuste salarial e nada mais. Isso significa só R$63,90 de aumento no salário da maioria dos trabalhadores do setor que é formada de ajudantes. Além disso, os empresários estão adotando covardes práticas anti-sindicais, como o assédio moral e a tentativa de esvaziamento da greve através de lockout patronal em várias obras.

Nossa luta é por dignidade e valorização. Somos nós, operários e operárias, que construímos as casas e os prédios de nossa cidade. Muitos trabalhadores morrem para enriquecer meia-dúzia de empresários. As mulheres são mais exploradas ainda, pois não tem direito à classificação, além de serem constantemente assediadas moral e sexualmente. Os patrões descontam de nosso salário e nos demitem quando lutamos. Por isso, nós pedimos o apoio e a solidariedade de toda a população da Região Metropolitana de Belém à nossa luta através de uma contribuição financeira ou da doação de algum alimento para seguirmos nossa
luta até a vitória.

“Greve e indignação: o patrão nega comida para o peão. Só 9% não dá. Cesta básica já!”

Belém, 02/09/2013

Sindicatos de Trabalhadores da Construção Civil de Belém, Ananindeua e Marituba


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