Em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (10), em frente ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os operários e operárias da Construção Civil de Belém, Ananindeua e Marituba decidiram encerrar a greve iniciada pela categoria no dia 2/09. Com muita luta contra a dureza da patronal, que foi forçada a negociar, a maioria dos trabalhadores resolveu aceitar a proposta de 9% de reajuste salarial.
Além do reajuste, a
pressão dos trabalhadores também garantiu a redução do desconto do vale
transporte de 2% para 1%. Já a cesta básica, uma das principais pautas de
reivindicação, foi incluída em uma cláusula na qual o sindicato patronal se
compromete a ampliar o número de empresas que fornecem o benefício. Os dias
parados também foram negociados. Dos oito dias, quatro serão descontados
parceladamente, enquanto os outros quatro serão compensados. O desconto não
afetará as férias, nem a PLR. “Se a nossa pressão obrigou os patrões a
negociar, agora vai obrigá-los a avançar na cesta básica. A luta continua, por
dentro dos canteiros”, disse o vereador Cleber Rabelo (PSTU).
Os trabalhadores chegaram
cedo ao TRT. Aguardaram ansiosos a chegada dos representantes do Sinduscon, a
entrada da comissão de negociação, os informes “do lado de dentro” que pareciam
não avançar e, finalmente, a saída da comissão. Das 9h até às 14h, foram cinco
horas de tensão. Era o momento de decidir os rumos da vida de muitos operários.
“A pressão da greve já nos concedeu uma vitória”, iniciou Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas.
Segundo ele, a força da mobilização e a paralisação de mais de 90% dos
canteiros de obra fizeram com que a patronal fosse obrigada a comparecer à
rodada de negociação intermediada pelo TRT, na figura do vice-presidente em
exercício, o desembargador Vicente Malheiros e na presença do representante do
Ministério Público do Trabalho, Dr. Loris Pereira Júnior.
Mas a postura
intransigente dos empresários desde o início das tentativas de negociação foi
mantida durante a reunião. Com ameaças de desconto de todos os dias parados sem
possibilidade nenhuma de negociação, redução da proposta de reajuste de 9% para
7% (com primeira parcela a ser paga agora e o restante só em janeiro) até o
“cesta básica está fora de questão”, a reunião foi uma verdadeira queda de
braço.
Para o vereador de Belém
pelo PSTU, Cleber Rabelo, os trabalhadores saem da greve com uma importante
vitória: “Se antes, a postura da patronal era de estimular que as empresas não
garantissem cesta básica, agora terão que fazer com que elas garantam esse
direito. Mas essa ‘mudança de postura’ que foi sinalizada na reunião de
negociação não garante a benefício por si só. Como tudo que nós conseguimos,
isso só virá com muita luta.”, disse.
O reajuste salarial
representa 2,6% de aumento real, um dos maiores na Construção Civil. E, apesar
de não se ter avançado no tema das mulheres operárias, que foram essenciais
nesta greve, destacando-se como linha de frente na luta, o sentimento da
categoria é de vitória. “Toda greve e todo processo de mobilização nos ensina
lições e a deste ano nos deixou com uma importantíssima! Nós saímos desse
processo com vitórias concretas, mas a maior verdade é que só a luta muda a
vida. Nós voltamos aos canteiros de obra de cabeça erguida, como verdadeiros
guerreiros e guerreiras, e com mais vontade de lutar!”, afirmou Rabelo.
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