quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Forte greve dos trabalhadores da Construção Civil termina com avanços


     Em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (10), em frente ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os operários e operárias da Construção Civil de Belém, Ananindeua e Marituba decidiram encerrar a greve iniciada pela categoria no dia 2/09. Com muita luta contra a dureza da patronal, que foi forçada a negociar, a maioria dos trabalhadores resolveu aceitar a proposta de 9% de reajuste salarial.

     Além do reajuste, a pressão dos trabalhadores também garantiu a redução do desconto do vale transporte de 2% para 1%. Já a cesta básica, uma das principais pautas de reivindicação, foi incluída em uma cláusula na qual o sindicato patronal se compromete a ampliar o número de empresas que fornecem o benefício. Os dias parados também foram negociados. Dos oito dias, quatro serão descontados parceladamente, enquanto os outros quatro serão compensados. O desconto não afetará as férias, nem a PLR. “Se a nossa pressão obrigou os patrões a negociar, agora vai obrigá-los a avançar na cesta básica. A luta continua, por dentro dos canteiros”, disse o vereador Cleber Rabelo (PSTU). 

   Os trabalhadores chegaram cedo ao TRT. Aguardaram ansiosos a chegada dos representantes do Sinduscon, a entrada da comissão de negociação, os informes “do lado de dentro” que pareciam não avançar e, finalmente, a saída da comissão. Das 9h até às 14h, foram cinco horas de tensão. Era o momento de decidir os rumos da vida de muitos operários. “A pressão da greve já nos concedeu uma vitória”, iniciou Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas. Segundo ele, a força da mobilização e a paralisação de mais de 90% dos canteiros de obra fizeram com que a patronal fosse obrigada a comparecer à rodada de negociação intermediada pelo TRT, na figura do vice-presidente em exercício, o desembargador Vicente Malheiros e na presença do representante do Ministério Público do Trabalho, Dr. Loris Pereira Júnior.

      Mas a postura intransigente dos empresários desde o início das tentativas de negociação foi mantida durante a reunião. Com ameaças de desconto de todos os dias parados sem possibilidade nenhuma de negociação, redução da proposta de reajuste de 9% para 7% (com primeira parcela a ser paga agora e o restante só em janeiro) até o “cesta básica está fora de questão”, a reunião foi uma verdadeira queda de braço.

     Para o vereador de Belém pelo PSTU, Cleber Rabelo, os trabalhadores saem da greve com uma importante vitória: “Se antes, a postura da patronal era de estimular que as empresas não garantissem cesta básica, agora terão que fazer com que elas garantam esse direito. Mas essa ‘mudança de postura’ que foi sinalizada na reunião de negociação não garante a benefício por si só. Como tudo que nós conseguimos, isso só virá com muita luta.”, disse.

     O reajuste salarial representa 2,6% de aumento real, um dos maiores na Construção Civil. E, apesar de não se ter avançado no tema das mulheres operárias, que foram essenciais nesta greve, destacando-se como linha de frente na luta, o sentimento da categoria é de vitória. “Toda greve e todo processo de mobilização nos ensina lições e a deste ano nos deixou com uma importantíssima! Nós saímos desse processo com vitórias concretas, mas a maior verdade é que só a luta muda a vida. Nós voltamos aos canteiros de obra de cabeça erguida, como verdadeiros guerreiros e guerreiras, e com mais vontade de lutar!”, afirmou Rabelo.

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