A reunião de negociação entre
os sindicatos dos trabalhadores e dos empresários da construção civil convocada
para quinta-feira (05/09), pela Câmara Municipal de Belém, não foi realizada.
Além de não comparecer, o sindicato patronal enviou resposta em que dizia “não
ter qualquer assunto a tratar com o sindicato dos trabalhadores enquanto a
categoria permanecer em greve”. Em assembleia realizada ao final da manhã, os
trabalhadores afirmaram que não aceitam a chantagem dos patrões e votaram
continuação da greve por tempo indeterminado. Agora, a paralisação de quase
100% dos canteiros de obra em Belém, Ananindeua e Marituba se expande para
Benevides, Santa Izabel e São Miguel do Guamá.
Foi com muita indignação que os
operários e operárias terminaram de ouvir a leitura do ofício enviado pelo
Sinduscon à CMB. Reunidos em frente à Câmara de Vereadores, os trabalhadores em
greve desde segunda-feira (2) puderam comprovar, mais uma vez, a intransigência
dos empresários. “Isso não é um ofício. É uma provocação”, disse Atnágoras
Lopes, da CSP-Conlutas. Atnágoras afirma que a proposta de que os trabalhadores
saiam da greve para que haja negociação além de falsa, soa como chantagem. Ele
afirma que antes da greve os trabalhadores passaram dois meses tentando
negociar, sem que a patronal mostrasse disposição. “Ao contrário. Eles saíram
de férias, desmarcaram rodada de negociação e apresentaram uma proposta que
ignora as nossas necessidades. Nós não vamos aceitar essa imposição e
reafirmamos: se não tem negociação, a greve continua!”, disse.
O presidente da CMB, vereador
Paulo Queiroz (PSDB), comprometeu-se a conversar com o prefeito de Belém e com
o governador do estado do Pará, Zenaldo Coutinho e Simão Jatene,
respectivamente para que eles intervenham na situação e convençam os
empresários a negociar com os operários. Segundo Paulo Queiroz, estas
instituições não podem intervir em um conflito trabalhista, mas podem
intermediar e provocar o diálogo. “E assim será feito”, garantiu.
Para o vereador Cleber Rabelo
(PSTU) o não comparecimento dos empresários representa mais do que o
desrespeito aos trabalhadores, uma afronta a Câmara Municipal. Além disso,
comprova que os patrões desafiam a justiça, as leis e as instituições de
governo porque sabem que estas mesmas instituições estão do lado dos ricos e
não dos trabalhadores. “Se eles desafiam até uma instituição do governo, de
representação popular, é porque eles acham que estão acima do bem e do mal. Foi
assim, por exemplo, na greve do ano passado quando eles também não compareceram
à audiência convocada na Assembleia Legislativa.”
Ao fim da manhã, os operários aprovaram a continuação
da greve por tempo indeterminado. Hoje, os piquetes continuarão e as próximas
ações serão definidas em uma nova assembleia. A paralisação dos canteiros de
obra iniciada em Belém, Ananindeua e Marituba avança para outros municípios,
como Benevides, Santa Izabel e São Miguel do Guamá. O avanço das paralisações
mostra que a categoria segue firme e unida.
“Se os patrões pensam que nós
vamos desistir, estão muito enganados. Nós não vamos voltar de cabeças baixas
para os canteiros de obra. Não vamos aceitar a chantagem, nem fazer a vontade
daqueles que nos exploram e humilham diariamente. Vamos lutar como verdadeiros
guerreiros, que é o que somos. Para rir ou para chorar, vamos continuar em
mobilização. Pois só nossa luta e nossa união é que pode nos levar a vitória!”,
disse Cleber Rabelo.
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