No Dia
Nacional de Luta contra a Venda dos Poços de Libra, cinco mil jovens e
trabalhadores foram às ruas da capital paraense denunciar o descaso promovido
pelo governo Simão Jatene (PSDB), que ainda não
atendeu as reivindicações dos educadores em greve há 26 dias. Mas também
disseram um “não” à política de entrega das nossas riquezas naturais
orquestrada pelo governo Dilma (PT), que planeja leiloar a maior bacia do
pré-sal já descoberta em 60 anos de Petrobras: o megacampo de Libra, na bacia
de Santos (SP).
As atividades começaram já
pela manhã. A partir das 7h, foi realizado um piquete de greve que paralisou as
atividades do Escritório da Petrobrás e a Base da Transpetro, em Miramar. Ao
lado de Petroleiros, 100% paralisados, estavam o recém fundado Comitê Paraense
Em Defesa do Petróleo, outros sindicatos, como o da
Construção Civil, além de ativistas dos
movimentos sociais e de partidos políticos. O vereador Cleber Rabelo (PSTU)
esteve presente e declarou apoio à greve nacional da categoria. Para ele, a
luta por melhores salários deve se somar à luta contra a política de entrega
das nossas riquezas do governo federal.
“Infelizmente o governo
Dilma e o PT, que criticaram muito o
governo do PSDB, de forma correta, contra as privatizações, segue a mesma receita
neoliberal. E aqui no Pará, nós já temos experiência dessa política privatista.
Quem não lembra da privatização da Celpa, que foi vendida a preço de banana?
Nós, trabalhadores, continuamos pagando a conta daquelas empresas que se
apropriam de um bem público e empurram o ônus nas nossas costas!” Para Rabelo, a
entrega de Libra é um crime contra a soberania nacional e deve ser barrada.
Pela parte da tarde,
o Comitê realizou uma
panfletagem na Praça do Operário, em São Brás, para dialogar com a população
sobre a necessidade de fortalecer a luta contra a privatização do pré-sal. Além
de todos os segmentos presentes durante o piquete da manhã, estava também
representado o movimento de mulheres. Gizelle Freitas, do Movimento Mulheres em
Luta (MML) explicou que, recentemente foi realizado o I Encontro Nacional do MML
e que lá foi votado que as mulheres construíssem campanhas contrárias a este
leilão. “Muita gente pensa que a venda do petróleo não vai afetar nossas vidas.
Mas isso é errado. Imagine que 30% dos chefes de família são mulheres e que
muitas recebem menos do que os homens no mercado de trabalho por conta do
machismo. Com o leilão, remédios, gás de cozinha e alimentos vão encarecer.
Isso é muito para o pequeno bolso de muitas mulheres. É por isso que temos que
ser contra e fortalecer a luta!”, explicou.
Logo
depois, os manifestantes que
lutam contra o Leilão do Petróleo se incorporaram ao ato dos trabalhadores em
educação do estado. Em greve há quase um mês, os educadores ainda não obtiveram
respostas concretas do governo do estado sob suas reivindicações. Pautas como
Plano de Cargos Carreira e Remuneração unificado, eleições diretas na escolas e
pagamento retroativo a 2011 do piso salarial nacional ainda estão sem
respostas.
O ato unificado
reuniu cerca de 5 mil manifestantes, de acordo com o Sindicato dos
Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp). Eram estudantes, professores e ativistas
marchando contra a entrega das nossas riquezas, por mais investimentos em
educação. De acordo com Abel Ribeiro, educador e militante do PSTU, além das
pautas específicas e econômicas, os educadores não esquecem que, em nível
nacional, lutamos pela aplicação de 10% do PIB para a educação pública. E para
isso, a pauta da venda do petróleo deve ser encarada como central.
"A propaganda que o
governo Dilma (PT) faz de que os lucros do petróleo vão ser utilizados em
educação é uma mentira tremenda. Nós sabemos que o que vai ficar para nós são
as migalhas dos royalties que equivalem a 0,6% do PIB. O dinheiro arrecadado vai, na verdade, para as mãos dos banqueiros
internacionais com o pagamento de juros e amortizações das interna e externas. A
maior parcela do bolo não fica com a população. Na verdade, nós vamos perder
uma riqueza que poderia servir para diminuir as desigualdades sociais
existentes em nosso país e aumentar significativamente a qualidade da educação
pública”, afirmou.
No próximo domingo (20),
véspera do Leilão, será realizada uma panfletagem na Praça da República, às 9h.
Venha conosco, exigir de Dilma o cancelamento da venda do megacampo de Libra.
Leilão é privatização. O
petróleo é nosso e não abrimos mão!
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