Os trabalhadores em educação do Pará que ocupavam
o prédio da Secretaria de Educação foram surpreendidos logo na manhã desta
quinta-feira (24/10). Enquanto a ocupação seguia de forma pacífica e organizada,
exigindo a reabertura das negociações com o governo, a resposta de Jatene foi
reforçar a Tropa de Choque no local e impedir a entrada de água e alimentos aos
trabalhadores que permaneciam do lado de dentro. Só a pimenta foi permitida no
cardápio daqueles que tentaram garantir o direito de alimentação dos manifestantes.
O spray não poupou senhoras, nem imprensa e, inacreditavelmente, um trabalhador
foi detido. O crime? “Tráfico de pão”, diziam. Os trabalhadores seguem
resistindo e em assembleia geral disseram: a greve e a ocupação continuam.
Contradição: enquanto educadores pedem fim da violência, PM age de forma truculenta
O trabalhador detido foi Abel Ribeiro, coordenador
estadual da CSP Conlutas e militante do PSTU. Abel foi liberado em pouco tempo,
mas ficou impedido de retornar à ocupação. Segundo ele, os policiais o
detiveram quando uma pessoa do lado de fora tentava lhe entregar pão e água para
garantir a alimentação dos cerca de 100 manifestantes que permaneciam na ocupação.
“O governo nega salário e condições dignas de trabalho para nós, mas negar água
e alimentação aos trabalhadores já é demais (...) mas o que podemos esperar de
Jatene, se seu partido (PSDB) foi o mesmo que mandou assassinar 19 sem terras
em El Dorado dos Carajás?”, indagou o educador.
Apesar da truculência, os trabalhadores resistiram
e conseguiram impor uma derrota ao governo, que foi obrigado a recuar e
permitir a entrada de alimentação no local. O vereador Cleber Rabelo (PSTU)
acompanhou a situação desde o início da manhã. Para ele, os trabalhadores estão
de parabéns e merecem todo o respeito da população por continuarem resistindo a
todos esses ataques e, principalmente, pela força da luta, que já conseguiu impor
derrotas e dobrar a arrogância do governo do estado. “Nosso mandato vai
continuar aqui, solidário à luta dos trabalhadores em educação. Nossa imprensa
e nossa assessoria jurídica estão à disposição da categoria e o que pudermos
fazer para avançar na luta em defesa da educação de qualidade, com certeza,
faremos”, afirmou Rabelo.
Negociação
Enquanto os trabalhadores preparavam a
assembleia para deliberar os próximos passos da greve e da ocupação, um grupo
de parlamentares tentava mediar a reabertura da
negociação com o governo. Por telefone, o deputado estadual Edmilson Rodrigues
(PSOL), informou que a disposição do governo era receber a categoria, a partir
das 11h desta sexta-feira (25/10) para retomar as negociações. Além da comissão
de trabalhadores e do governo, a negociação contaria com a presença de uma
comissão de deputados e do Ministério Público.
Trabalhadores aguardam o início da Assembleia
Sobre a pauta de reivindicações, o governo
informou: 1. Lotação por jornada: seria
realizada no início do ano letivo com ampliação para 25% de hora atividade; 2. A
manutenção das aulas suplementares estaria garantida; 3. Lei do Some: haveria
discussão dos pontos divergentes; 4. Eleição direta para direção: o governo se
comprometeria a criar uma lei especifica; 5. PCCR unificado: em um prazo de 60
dias seria encaminhada proposta para a categoria; 6. Reforma das escolas e unidades
escolares: uma planilha seria apresentada, mas não foi dado um prazo; 7.
Retroativo do piso: não houve posicionamento. O governo do estado
também exigia a desocupação do prédio da Seduc.
Assembleia – trabalhadores
mantém greve e ocupação
“Nós estamos dando um
golpe mortal no governo Jatene e já somos vitoriosos.
Agora, não podemos recuar. Nós exigimos a negociação e os nossos direitos, mas
precisamos exigir resoluções concretas para a nossa categoria”, afirmava Abel
Ribeiro, no carro-som, diante a assembleia instaurada na Avenida Augusto
Montenegro, que bloqueava os dois sentidos da via. Para ele, as propostas do governo não
apresentam nada de novo para a categoria. A maioria também concordou.
"Não podemos recuar", afirma Abel
A ocupação e a greve
continuam. Cerca de 100 pessoas permanecem dentro do prédio da Seduc. Mais
pessoas chegam para fortalecer a luta. Do lado de fora, estudantes, técnicos e
professores impedidos de entrar fazem acampamento em solidariedade à luta pela educação de qualidade. Logo mais, às 15h horas, uma nova
assembleia da categoria será realizada. Os próximos passos da batalha serão
definidos.
A greve continua.
Jatene, a culpa é tua!
Todo apoio à luta em defesa
educação!
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